Para o Dia das Mães, resolvi contar um pouco sobre a minha e o quanto aprendi com ela. Muito do que aplico na minha vida pessoal e profissional veio desses ensinamentos, especialmente quando o assunto é dinheiro. Não no sentido material, mas no que o dinheiro representa: responsabilidade, limites, escolhas, segurança e liberdade.
Cresci em uma família onde a organização financeira era natural. Minha avó, por exemplo, era daquelas que anotava tudo. Lembro dela com sua agenda e a calculadora no escritório de casa, fazendo as contas do mês. Ela sabia direitinho o quanto ganhava e o quanto gastava. Era um controle simples, mas demonstrava todo o cuidado que ela tinha com seus recursos.
Minha mãe seguiu esse mesmo caminho: sempre consciente. Ela tinha uma fábrica de roupas infantis e, desde cedo, me levava com ela para as feiras em que expunha e vendia suas peças. Eu ajudava, observava e aprendia. Via como era difícil ganhar dinheiro e como ele precisava ser cuidado com atenção. Algumas vezes fui até a fábrica e aprendi a cortar, costurar, embalar e contar o estoque… Aquilo tudo me ensinou mais do que qualquer aula de finanças. Não era só sobre roupas. Era sobre valorizar o esforço, sobre entender que o dinheiro não vem fácil.
Lá em casa, nada era por impulso. Os presentes vinham nas datas certas: Natal, aniversário ou Dia das Crianças. Tínhamos o hábito de planejar. Não gastávamos sem necessidade, guardávamos para coisas mais importantes, como uma viagem com a família ou o meu primeiro carro, quando fiz 18 anos. Se eu deixasse uma luz acesa à toa, ouvia logo: “Está achando que sou sócia da Light!”. E desde cedo, aprendi a fazer escolhas. Na praia, por exemplo, só podia pedir uma única coisa: o sorvete, o Biscoito Globo ou o mate. Pode parecer até banal, mas isso me ensinou a ter limites.
E esses ensinamentos eu trouxe comigo quando me tornei mãe. Com minhas filhas, a educação financeira começou desde cedo também: nas conversas, nas viagens, nas decisões do dia a dia. Ensinei-as a ser responsáveis com o dinheiro. Não foi com sermões, mas com atitudes do dia a dia.
Lembro de quando fomos para a Disney, quando elas ainda eram pequenas, a mais velha com 10 anos e a mais nova com 8. Cada uma tinha um valor fixo para gastar e elas sabiam que, se comprassem tudo no primeiro dia, não teriam mais nada depois. E foi interessante ver como se organizaram, pensaram antes de gastar, até negociaram entre si. Contei essa história neste texto sobre como a educação financeira pode ser ensinada desde cedo.
Hoje, minhas filhas são adultas, moram sozinhas e cuidam bem do próprio dinheiro. Isso me dá a sensação de missão cumprida. E tudo começou lá atrás, com os exemplos que recebi e repassei.
Inclusive, falei sobre isso nesse outro artigo aqui sobre a importância de ensinar os jovens adultos a cuidar das suas finanças. Quanto antes começarem, mais autonomia e tranquilidade terão lá na frente. E foi isso que aconteceu com as minhas filhas!
A verdade é que criança aprende com o que vê, com os exemplos de seus pais. Qual exemplo você quer deixar para os seus filhos?
No fim das contas, ensinar sobre dinheiro é mais do que falar de números — é transmitir valores. É formar adultos conscientes, capazes de fazer boas escolhas, enfrentar desafios com equilíbrio e construir uma vida com mais autonomia e propósito. E tudo isso começa em casa, com exemplos simples, mas poderosos.
