Vamos falar sobre planejamento para aposentadoria… Pois é, desde que comecei a trabalhar como planejadora financeira, tenho uma satisfação enorme ao ajudar pessoas a alcançar um maior bem-estar financeiro e, assim, resgatar não só a saúde do bolso, mas também a autoestima e a tranquilidade financeira para aproveitar a vida. Porém, acabei me deparando com um erro grave e muito comum, que pode tirar o sono de muita gente no futuro…
Ao longo da minha jornada, percebi que muitos dos meus clientes que poupam e investem para a aposentadoria não consideram corretamente por quantos anos poderão precisar desse patrimônio. A consequência disso é: o dinheiro acumulado pode acabar e a pessoa não terá condições de manter o seu padrão de vida, caso viva mais do que o que foi inicialmente planejado.
Planejamento para aposentadoria: risco de sobrevida
Já ouviu falar em risco de sobrevida? Pois é… O risco de sobrevida ocorre quando uma pessoa vive mais tempo do que o previsto inicialmente no seu planejamento financeiro!
Embora a longevidade seja uma conquista, ela pode se transformar em um desafio financeiro se não for devidamente considerada desde o início do planejamento. Viver 10, 20 ou até 30 anos a mais do que o estimado pode gerar um grande descompasso entre o patrimônio acumulado e as despesas futuras.
Além disso, com o avanço da idade, costumam surgir gastos adicionais com saúde, medicamentos, adaptações na residência e até mesmo com serviços de cuidados pessoais. Esses custos podem crescer significativamente ao longo do tempo, pressionando ainda mais o orçamento e exigindo reservas financeiras robustas e bem planejadas.
Planejamento para aposentadoria: como proteger o futuro? A importância de cenários conservadores
Considerando tudo isso, já deu para perceber que o planejamento para a aposentadoria vai muito além de definir uma data para parar de trabalhar e o valor a acumular até lá, certo? É preciso considerar uma expectativa de vida cada vez mais longa e o impacto direto que isso terá nas finanças.
Se considerarmos 1940, por exemplo, a expectativa de vida do brasileiro saltou de 45,5 anos para 76,4 anos, segundo o IBGE em sua última pesquisa de 2023. Ou seja, um aumento de aproximadamente 30 anos de vida em média. Para quem tem 60 anos hoje, essa expectativa é de que viva até os 82,5 anos. Já para quem atinge os 70 anos, a previsão passa para mais 15 anos de vida. Em outras palavras: quanto mais envelhecemos, a expectativa é de que viveremos ainda mais, e isso não pode ser simplesmente ignorado no planejamento financeiro.
Um erro assim poderia transformar o momento da aposentadoria em uma corrida contra o tempo e contra as dificuldades financeiras, justamente em uma fase da vida em que o objetivo é viver de forma mais tranquila e desfrutar do tempo com a família. Se você planejar viver até 80 anos e alcançar a marca dos 100, poderá arriscar duas décadas de incertezas, dificuldades e possível dependência de familiares ou do Estado.
Planejamento para aposentadoria: melhor prevenir!
Diante de tudo isso, uma das orientações mais importantes que posso oferecer para quem está organizando suas finanças para a aposentadoria é: considere uma expectativa de vida mais longa, para além dos 100 anos. Não é exagero. É planejamento responsável e estratégico para garantir que todas as etapas da sua vida sejam tranquilas e seguras. Eu faço contas para mim com pelo menos 120 anos!
Sei que muitos não pensam tão longe e acham desnecessário “sobrar tanto tempo assim” depois dos 80, mas a realidade mostra que estamos envelhecendo mais e com mais qualidade de vida.
Minha própria avó faleceu aos 98 anos, ela morava sozinha, tinha uma cabeça ótima, jogava paciência no computador, atualizava suas redes sociais e exibia uma vitalidade e lucidez que são uma inspiração para todos nós. Mas, ela caiu e quebrou o fêmur e a probabilidade de sobreviver a isso é muito baixa, em 5 meses depois da operação ela se foi. Aliás, foram meses de muitos gastos com médicos, remédios, aluguel de cama especial, cadeira de rodas e até oxigênio.
E aqui vai outra reflexão importante, que escutei de um geriatra e guardei comigo: todos esperam viver uma aposentadoria igual às fotos de revista — saudáveis, sorridentes e cheios de vitalidade. A realidade, porém, não é assim para todos. Os últimos anos de vida costumam vir acompanhados de mais cuidados e, geralmente, são quando temos os maiores gastos com saúde.
Por isso, não arrisque! Faça suas contas com cuidado, atualize suas projeções e procure ajuda profissional para construir uma estratégia sólida e adaptada ao seu momento e às suas metas.
Se quiser ir mais a fundo no tema do planejamento para aposentadoria, dê uma olhada no artigo “Como calcular o patrimônio ideal para ter tranquilidade na aposentadoria”, pois um outro erro comum é subestimar o valor necessário para esse momento da vida.