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Finanças e envelhecimento

Finanças e envelhecimento

Na melhor das hipóteses, todos nós iremos envelhecer. Esse tende a ser o caminho natural da vida, concorda? Porém, é importante que esse envelhecimento seja de forma saudável, tanto no que tange à saúde física, quanto a mental e a financeira.

Porém, como a nossa jornada também é recheada de incertezas, não sabemos se seremos acometidos por alguma doença incapacitante ou pela perda de memória, quando esse momento chegar.

Agora repare uma coisa: dentre as 3 formas de saúdes que citei (física, mental e financeira), a financeira é a que mais poderemos ter controle. Esse foi, inclusive, o assunto do bate-papo que tive com a Natalia Winter, Presidente do IBPC (Instituto Brasileiro de Práticas Colaborativas. Veja o vídeo na íntegra a seguir.

Reserva de aposentadoria

Pensando no controle que podemos ter sobre nossas finanças, devemos nos planejar e guardar recursos para o futuro, investindo em uma carteira de investimentos diversificada para a reserva de aposentadoria. Isso serve, principalmente, para aqueles que já vivem com um padrão de vida acima do teto do INSS, que em 2023 é de R$ 7.507,49.

Detalhe importante: não caia na armadilha de achar que teremos despesas menores na aposentadoria do que na vida ativa. Vale lembrar que os dois últimos anos de nossas vidas costumam ser os anos em que teremos os maiores gastos com a nossa saúde.

Em suma, fica a recomendação: é bom estar preparado para isso.

 

Desafios do desinvestimento na Aposentadoria

Um enorme desafio que vejo em alguns clientes idosos é o momento do desinvestimento.

Mas Leticia, o que é isso? Como assim?

O desinvestimento ocorre quando as pessoas passam a utilizar aqueles recursos que estão na reserva de aposentadoria. Isso, é claro, para aqueles que conseguirem guardar essa reserva.

A pessoa se vê com um montante relevante e tem que ir resgatando aos poucos, de forma que não esgote a reserva antes do necessário.

Pode não parecer, mas muitas vezes essa pessoa se perde e começa a resgatar sem controle, como se aquele montante fosse infinito. Parece que vem aquele pensamento: vou aproveitar a vida, agora que me aposentei!

Ocorre que, se os resgates forem maiores do que o planejado, poderá faltar recursos lá na frente.

Uma boa estratégia é resgatar o montante definido mensalmente no início do mês e ir vivendo com aqueles recursos, como se fosse mesmo um salário. Sem avançar sobre todo o restante.

Ok, Leticia. Eu entendi. Mas como faço essas contas?

Então… Vale a pena registrar que esta é uma das maiores dificuldades para grande parte das pessoas. É um grande desafio fazer essas contas para saber o quanto poderia ser gasto todos os meses. Nisso um planejador financeiro pode ser muito útil!

 

Abuso financeiro por parentes e cuidadores

Eis aqui um ponto complicado que assola muitos idosos: serem assediados patrimonialmente por seus cuidadores ou até mesmo por parentes, como filhos e netos. Em alguns casos, esses idosos, já fragilizados, são deixados de lado enquanto esses cuidadores se apoderam de seus recursos.

Em outros casos, de certa forma, o abuso é até consentido. Para manter seus entes queridos próximos, o idoso aceita tomar empréstimos em seu nome, ou dar dinheiro para eles além do que poderia. Como consequência, não é incomum que falte recursos para o próprio idoso.

 

Como ficam as finanças do idoso quando perde a autonomia

Por fim, temos ainda o caso da perda da autonomia, em que o idoso já não tem mais a capacidade de tomar as decisões por si só ou de efetuar os pagamentos e se organizar com todos os seus compromissos financeiros.

Nesses casos, ele pode contar com um documento chamado Diretivas Antecipadas de Vontade, onde pode definir quem será o responsável por cuidar de suas finanças quando ele não puder mais fazer isso sozinho.

Algumas vezes, os filhos se preocupam com as atitudes dos seus pais e veem a necessidade de implementar uma curatela, o que costuma ser muito doloroso para todos.

Citamos até um caso no livro “Velhos são os Outros” da Andréa Pacha, em que ela relata o caso de um senhor idoso que arranjou uma namorada mais nova e que estava gastando bastante com ela.

Os filhos queriam interditar esse pai, pois poderia consumir mais recursos do que deveria. No livro não há detalhes se os recursos que estariam sendo utilizados seriam necessários para o custeio desse senhor até que o final de sua vida ou se simplesmente diminuiriam a herança desses filhos.

Então, fica ainda mais difícil sabermos quem estaria com a razão: o pai idoso que ainda se dizia plenamente capaz de tomar suas decisões financeiras e gastar onde, quando e com quem quisesse os seus recursos; ou os filhos que perceberam que era hora de interditar o pai.

Dessa forma, talvez o mais adequado seria um processo colaborativo com advogados, psicólogos e planejadores financeiros para que essa família entendesse quais as questões importantes ali para tomarem juntos as melhores decisões para os recursos da família.

 

E então, o que achou? Você está se preparando para envelhecer? O que tem feito nesse sentido? Espero que este texto ajude a despertar a consciência sobre um tema que considero muito relevante.

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