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Como gerir o patrimônio na aposentadoria

Como gerir o patrimônio na aposentadoria

Como gerir o patrimônio na aposentadoria

Pergunta do leitor do Valor Econômico:

Tenho 64 anos, um patrimônio considerável, que me permitirá viver com tranquilidade até o fim da vida e deixar herança para meus dois filhos, ambos na faixa de 30 anos. Pelo momento de vida, meu gerente sugeriu uma carteira conservadora. Como vou deixar herança para meus filhos, não seria mais adequado balancear melhor meus investimentos?

Resposta de Leticia Camargo:

Esta é uma questão que muitos perguntam, se quando aposentarem precisarão alocar todo o seu patrimônio em ativos conservadores para que não corram riscos. Depende muito de quanto dinheiro você possui e se vai precisar deste dinheiro, ou de pelo menos parte dele, para o seu sustento.

Se você possui outras fontes de renda como aposentadoria, pensão ou aluguéis, e não vai precisar da poupança para suas despesas correntes, ou ainda, se utiliza apenas os juros reais dos investimentos, ou seja, o que rende acima da inflação – e seu patrimônio vai gozar da perpetuidade-, não será necessário alocar todo o seu dinheiro em produtos conservadores. Por outro lado, se for utilizar a sua reserva como complemento de renda, o melhor é que suas aplicações sejam mais conservadoras e não estejam correndo os riscos dos altos e baixos do mercado.

Vamos considerar que você se enquadre na primeira situação: possui outras fontes de renda e não utilizará seu dinheiro como complemento ou utilizará apenas os juros reais mensalmente e terá a perpetuidade do seu patrimônio. Neste caso, bastaria aplicar pelo menos o montante de 12 vezes seus gastos mensais em produtos conservadores e com boa liquidez para formar uma reserva para emergências como gastos imprevistos de curto prazo. Com o restante, você deverá montar uma carteira diversificada de longo prazo de acordo com o seu perfil de investidor.

Caso seu perfil demonstre uma maior tolerância ao risco, seria possível diversificar o portfólio com ativos um pouco mais arriscados e com perspectiva de maiores rentabilidades no longo prazo. Esta diversificação poderá ser efetuada em produtos atrelados a índices de preços, fundos multimercados, renda variável e fundos imobiliários.

Por outro lado, se você estiver na segunda situação e suas despesas mensais forem maiores do que os juros reais de suas aplicações, parte do principal do seu patrimônio deverá ser utilizada para o seu sustento. Este montante, portanto, deverá estar aplicado em produtos conservadores.

Com a parte restante, que será transmitida para seus herdeiros, você poderá compor uma carteira diversificada para eles. Seus filhos ainda tem um longo caminho pela frente e podem contar com este longo prazo a seu favor.

É importante lembrar também, que com a expectativa de juros mais baixos, o perigo de ter uma carteira muito conservadora seria não alcançar uma rentabilide que acompanhasse a inflação, diminuindo o seu poder de compra no futuro.

De qualquer forma, será importante efetuar um rebalanceamento periódico do portfólio para evitar que seu patrimônio esteja correndo mais riscos do que o desejável. Pois, ao longo do tempo, os eventuais resgates, ou mesmo as diferentes rentabilidades entre as variadas classes de ativos poderão fazer com que os percentuais originalmente estabelecidos para cada ativo sejam alterados.

Publicado na Coluna Consultório Financeiro do Valor Econômico em 04/11/2013:

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