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Como funcionam as decisões financeiras em uma família?

Como funcionam as decisões financeiras em família

Como funcionam as decisões financeiras em família

Na época dos meus avós, não era comum a esposa sair para trabalhar, as mulheres ficavam em casa, enquanto seus maridos iam à luta para garantir o sustento da família. Assim eram as decisões financeiras naquele tempo: eles trabalhavam e elas cuidavam dos filhos e da casa.

Porém, na casa dos meus avós paternos, apesar de meu avô ter a responsabilidade de trabalhar para ganhar dinheiro, era minha avó quem cuidava das finanças da família. Ele entregava toda a sua receita para ela e era ela quem decidia como seriam gastos os recursos. Lembro dela programando as viagens do casal e no Natal, entregando para nós, os netos, um envelopinho com o presente. Ela sempre dizia: eu que estou te entregando este envelope, mas quem ganhou este dinheiro foi seu avô.

Já na casa de meus avós maternos, era meu avô quem tomava todas as decisões financeiras sozinho. Minha avó não tinha nem CPF próprio, usava o dele. Mas, quando ele faleceu, ela teve que arcar com todas as responsabilidades de uma hora para outra e aprender na marra a cuidar do dinheiro. Hoje, ela com seus 92 anos de idade ainda cuida de suas finanças e, por incrível que pareça, paga suas contas pela internet!

E como funcionam, ou deveriam funcionar as decisões financeiras das famílias nos dias de hoje? Quem deveria tomar as decisões? A esposa, o marido ou ambos em conjunto?

Nós mulheres, estamos cada vez mais à frente das próprias finanças e muitas vezes somos a principal provedora da família! Nós trabalhamos, cuidamos dos filhos e da casa, e eles dividem estas tarefas conosco. E, porque não dividir as tarefas financeiras também?

Atualmente, ainda vemos famílias em que somente um dos cônjuges toma todas as decisões financeiras individualmente, mas cada vez mais esta situação está mudando. Na maioria dos lares, ambos trabalham e ganham seu próprio dinheiro, dividem as responsabilidades domésticas e as financeiras também.

Quanto às contas correntes, nem sempre a melhor solução são as conjuntas. Para aqueles jovens em início de carreira que estão se casando pela primeira vez, acredito que manter uma conta conjunta seja a melhor solução. Desta forma, evita-se pagar mais taxas, é possível aplicar em produtos financeiros mais interessantes (devido ao maior volume de recursos para aplicação) e um eventual descontrole de gastos de um dos cônjuges, pode ser compensado pela poupança do outro, evitando-se também os juros do cheque especial.

Porém, atualmente, as famílias podem assumir várias outras configurações: casais que moram em casas separadas, casais com filhos de outros casamentos, pessoas que se casaram já na maturidade e portanto, com um patrimônio formado e com seu jeito próprio de cuidar do dinheiro. Para estes casos, não existe o certo e o errado. Existem famílias que vão preferir unir suas contas correntes, outras preferirão manter uma conta individual para cada um e uma conjunta para os compromissos da manutenção da casa ou viagens do casal. Em outros lares, os cônjuges ficarão satisfeitos com contas individuais.

É importante que o casal converse sobre suas finanças e consiga chegar à conclusão juntos do que será melhor para a família.

Cônjuge significa com jugo. Jugo é aquela peça de madeira colocada na cabeça dos bois quando estão puxando uma carroça para que dividam o peso do arado e andem em conjunto, para uma mesma direção e na mesma velocidade. Assim deve andar um casal.

Para pequenas decisões, podem definir algum valor máximo em que cada um poderá ter autonomia para gastar sem precisar da opinião do outro. Ou então, de outra forma, uma pequena compra de supermercado passaria por uma imensa burocracia para ser aprovada pelos dois e poderia dificultar muito o dia a dia de ambos.

Mas o ideal é que sempre compartilhem das decisões financeiras mais relevantes, como uma viagem, a troca do carro ou a compra da casa própria.

Em geral, os casais não tem o costume de falar sobre dinheiro, quando o assunto aparece é porque já estão atolados em dívidas.

Seria apropriado marcarem, pelo menos uma vez por mês uma reunião para falarem das finanças e tomarem as decisões de metas de poupança e investimento para os próximos meses, verificarem se as metas do mês atual foram cumpridas e procurarem identificar o que não ocorreu bem, enumerando os problemas e procurando soluções para eles.

Gastamos tanto tempo para ganhar nosso dinheiro e muitas vezes não dedicamos nenhum tempo para cuidar dele.

 

O ideal, inclusive, seria que já começassem a conversar sobre dinheiro antes mesmo de casar para procurar alinhar seus interesses e objetivos, além de perfil de investimentos e de consumo. Muitos desentendimentos entre casais ou até casamentos que se rompem são causados por incompatibilidade na forma como lidar com o dinheiro no dia a dia: um é muito econômico e o outro muito gastador, um é planejado e o outro deixa tudo pra cima da hora.

Identificar estas diferenças e encontrar maneiras de resolvê-las, procurando sempre o meio termo antes de juntar as escovas de dentes, ajudaria muito o relacionamento do casal no futuro.

Os filhos também devem participar do planejamento financeiro, pois devem estar cientes do valor do dinheiro e da importância de poupar visando os objetivos da família. No caso da perda do emprego, ou de um momento de endividamento inesperado, é mais importante ainda que as crianças também sejam comunicadas da situação, mesmo que não seja necessário contar muitos detalhes, mas que estejam cientes do ocorrido e que possam ajudar nas economias para que a recuperação seja ainda mais rápida.

 

*Artigo publicado originalmente no dia 30 de julho de 2014 no site Finanças Femininas.

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