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Como a Selic impacta a renda variável?

Como a Selic impacta a renda variável

No final de novembro, fiz uma Live para o curso Partiu Investir Renda Variável da Anbima que está sendo disponibilizado gratuitamente na plataforma deles de educação.

Uma das perguntas que me fizeram, foi sobre como a Selic impactava a renda variável.

Como os juros caíram mais uma vez, de 12,25% para 11,75% ao ano, trouxe abaixo alguns insights do que respondi na Live.





O Impacto da Taxa Selic nos Investimentos de Renda Variável

A taxa Selic, conhecida como a taxa básica de juros do país, exerce um papel crucial nos investimentos de renda variável.

Para entendermos o impacto da subida ou da queda dessa taxa nos preços das ações na bolsa, é importante primeiro compreender o papel da Selic na economia. A cada 45 dias, o Copom, um comitê do Banco Central, define a meta da taxa de juros que estará em vigor no país. Essa taxa impacta diretamente as empresas.

Em períodos de alta da taxa Selic, o custo de empréstimos em geral aumenta e isso impacta também os empresários. Vamos imaginar o proprietário de um pequeno negócio, como um carrinho de pipoca, para exemplificar. Se ele precisa de um empréstimo para substituir um pneu furado, a taxa de juros elevada torna mais difícil recuperar o dinheiro, pois ele terá que vender mais saquinhos de pipoca para cobrir os juros.

Por outro lado, os juros mais altos podem desencorajar investimentos para a expansão do negócio, como a compra de um segundo carrinho ou uma panela mais eficiente para fazer a pipoca. E isso vale também para as empresas de grande porte.

Com juros elevados, elas hesitam em investir em novas fábricas ou maquinários. O custo de pegar dinheiro emprestado fica alto, e isso pode adiar projetos de expansão.

No entanto, quando a Selic está em queda, o cenário muda. E é nesse cenário que nos encontramos agora, em que a Selic que estava no patamar dos 13,75% ao ano até meados de 2023 já caiu para 11,75%.

Quando os juros caem, as empresas encontram condições mais favoráveis para buscar empréstimos e expandir. Isso impulsiona o crescimento dos negócios e, consequentemente, o valor das suas ações tende a subir.

Além disso, a taxa de juros também influencia o comportamento do consumidor. Com juros mais baixos, as parcelas das compras como geladeiras ou carros, por exemplo, tornam-se mais acessíveis, estimulando o consumo. Esse aumento nas vendas beneficia as empresas, refletindo positivamente no mercado de ações.

De uma forma ou de outra, a expectativa de preço futuro das ações é impactada. Se a perspectiva é de crescimento nos lucros das empresas, o preço das ações tende a subir. É uma dinâmica em que a antecipação de resultados positivos impulsiona o valor das ações.

Entretanto, é fundamental considerar também o contexto econômico global. Eventos como pandemias, crises políticas ou geopolíticas podem influenciar o mercado, mesmo em períodos de queda da Selic. A incerteza é uma constante a ser considerada.

Por fim, vale mencionar o custo de oportunidade. Se a taxa de juros em investimentos mais seguros, como a renda fixa, supera a expectativa de ganhos na renda variável, os investidores podem optar por vender suas ações para ganhar mais na renda fixa, realocando seus recursos para os investimentos mais conservadores. Isso afeta a dinâmica do mercado de ações, que passa a cair. E o oposto ocorre num momento de queda das taxas de juros, impulsionando a bolsa de valores.

Em resumo, a taxa Selic tende a afetar os investimentos de renda variável, impactando o comportamento das empresas e dos consumidores e, por consequência, o cenário do mercado de ações. Mas, as incertezas no mercado global podem mudar essa dinâmica, como explicado acima.

Por fim, uma observação essencial: sempre invista de forma diversificada. Comece formando a sua reserva de emergências em produtos conservadores para depois investir no mercado de ações, se for o caso. Forme uma carteira de longo prazo diversificada e de acordo com os seus objetivos e perfil de risco.

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